Um pouco mais sobre a evolução do perfil do consumidor brasileiro
O ano era 2012 e lá no Buscapé só se falava em dar poder ao consumidor, as apostas apontavam todas para o crescimento do mobile.
O principal desafio de comunicação era passar confiança ao consumidor de que era seguro fazer uma compra online, que os riscos eram baixos e as vantagens da compra online eram muito maiores que os problemas.
Sete anos se passaram e o mercado brasileiro é muito mais maduro. Grandes marcas contribuem para dar força, já precisam do e-commerce para para um negócio totalmente saudável e as compras via dispositivos móveis já representam 42% de todas as compras do mercado online nacional segundo a Ebit.
Essa representatividade, lá em 2012 que citei, era de 0,8% das compras online…
Outra prova do amadurecimento do mercado que normalmente segue os passos do mercado dos Estados Unidos (um dos maiores do mundo) é a evolução de comportamento de consumo em tipos de produtos consumidos.
Em simples comparação com 2012, falávamos em bens de consumo duráveis (celulares, televisores, eletrodomésticos…), hoje a análise é muito mais ampla e a jornada do consumidor é bem mais complexa.
A própria Ebit hoje expandiu a análise incluindo Entretenimento (ingressos de cinema, show, teatro..), Turismo (passagens aéreas, reservas de hotéis, aluguel de carro…), Bens não duráveis (cosméticos, remédios…) e Perecíveis (compras de supermercado, comida para consumo imediato…).
O comportamento também é outro, uma das decisões que nós tomamos ao escrever o Webshoppers 39 foi de que não seria mais utilizado termos como “e-consumidor”, “consumidor online” ou “consumidor digital”, a única definição possível é a de “CONSUMIDOR”.
Não são só novos grupos de consumo, o comportamento mostra uma decisão de compra tomada com muito mais pesquisa. A jornada do consumidor muitas vezes passa pela loja física, pelo desktop e pelo smartphone (que ainda pode dividir ações entre navegador e aplicativo).
Só se fala em omnichannel no e-commerce, porque o consumidor é omnichannel, e é ele que dita as regras.
O consumidor está conectado e tem realmente o poder de encontrar o melhor preço, ainda o principal fator de decisão. Mas outros aspectos também pesam, reputação da loja, que pode gerar muita insegurança também é importante.
Experiência de compra, atendimento, facilidade para realizar potenciais problemas, experiências anteriores… Tudo, absolutamente tudo é levado em consideração pelo consumidor.
É importante destacar que o consumidor brasileiro ainda sofre com inúmeros problemas econômicos, políticos, estruturais e na sociedade que acabam limitando esse franco crescimento.
Barreiras logísticas também são um problema, é impensável e fora da realidade das grandes cidades, mas já imaginou morar em uma região que grandes lojas não entregam? É uma situação muito mais comum do que você imagina fora dos grandes centros. Mas não é apenas logística, trata-se de conectividade, ainda muito limitada. É fácil encontrar problemas de serviços de internet no interior de São Paulo. Imagina na região Norte…
Essa desigualdade é bem expressiva no país, enquanto uma cidade como São Paulo proporciona hábitos modernos com a facilidade da Economia Compartilhada, temos no mesmo país cidades que nem os Correios entregam produtos.
O potencial é grande, a Ebit cruzou o número de pedidos por região e densidade populacional, o resultado é a matriz abaixo. Veja que o potencial maior ainda se encontra no Nordeste, que tem a maior população e número de pedidos ainda abaixo de regiões menos populosas.
Mesmo com um crescimento de 27% da região Nordeste, a representatividade de vendas no mercado nacional ainda é de apenas 13,2%…
Para comparação, a região Sudeste ainda conta com 57,6% das vendas no Brasil, enquanto a região Sul tem 19,1%.
Qual Brasil veremos daqui 5 anos? Um país conectado e moderno, com facilidades impensáveis 15 anos atrás ou um país continental com pessoas em 2025 e outras em 1985? Infelizmente o caminho parece ser desigual…
Veja mais sobre os números do e-commerce no Brasil
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