Como investir em novas tecnologias pode ser fundamental para o sucesso do varejo online

O comércio eletrônico, embora ainda considerado em estágio inicial quando comparado ao já estabelecido e sólido varejo tradicional, ganhou força na última década. Considerado um fenômeno global, só no Brasil o segmento e-commerce faturou R$ 44,4 bilhões em 2016, segundo dados da Ebit, empresa com foco em inteligência de mercado. Apesar do cenário econômico desfavorável, o setor apresentou aumento de 8% no tíquete médio, passando de R$ 388 para R$ 452.
O grande sucesso para essa forma de consumo se dá, principalmente, devido à adaptação do segmento às necessidades do consumidor contemporâneo. Isto significa que os desafios iniciais enfrentados pela indústria – especificamente relacionados à confiança do consumidor na qualidade do produto, formas de pagamento, cronograma de entrega, opções de devolução ou troca e escala de operações, entre outros – foram, até o momento, solucionados.
É chegada, então, a hora de destinar tempo e recursos para o aprimoramento de ferramentas, ações que se mostrarão fundamentais para resultar numa experiência de compras ainda mais significativa aos consumidores.
Com projetos digitais borbulhando a todo o momento e uma oferta de profissionais de tecnologia curiosos e criativos, apostar em projetos e investimentos voltados aos dispositivos móveis parece ser um movimento certeiro, para não dizer fundamental, quando o assunto é plataforma e-commerce.
Isso, claro, sem falar nas gigantes varejistas internacionais que já investem em práticas ainda mais visionárias, tendo como exemplo a chinesa Alibaba, que em julho de 2016 lançou a Buy +, um espaço que permite aos consumidores comprar em um ambiente virtual, com visualização 360º de produtos como roupas e calçados, utilizando apenas um capacete de realidade virtual e controladores de mão.
O grande motivador para a posição visionária da companhia é o seu lucro anual, que quase duplicou no quarto trimestre de seu exercício 2016-2017, impulsionado principalmente pelas transações através de smartphones e tablets, o que levou o grupo a atingir a marca de US$ 7,67 bilhões de receita total arrecadada.
Para as empresas que ainda não bateram a casa dos bilhões, o foco para investimentos em tecnologia pode permanecer sem maiores ressalvas na dupla de sucesso desktop & mobile, principalmente quando os dados reais do público-alvo mostram que o caminho não poderia ser mais seguro.
No Brasil, por exemplo, a chegada dos smartphones mudou o comportamento dos consumidores, que passaram a usar o dispositivo móvel como um dos principais caminhos para acessar o produto ou serviço desejado. De acordo com o relatório semestral Webshoppers, também apresentado pela Ebit, em 2016, 21,5% das transações online foram realizadas por meio desses dispositivos.
Somente no ano passado, a participação das compras virtuais via smartphones mais do que dobrou, chegando a 26% das compras online, no mês de dezembro. Ademais, 2016 também foi marcado por mudanças no algoritmo da Google, que passou a privilegiar os sites mobile-friendly, justamente em decorrência do aumento da busca e a do acesso a informações por meio de smartphones.
O mais importante, atualmente, é encontrar um meio-termo entre o extremo do investimento em um projeto de realidade virtual ou uma honesta adaptação do formato desktop para o mobile. Se os dispositivos ganharam força, com ela também há a responsabilidade em criar um ambiente capaz de transmitir a mesma segurança a qual os consumidores já estavam habituados a experienciar diante dos monitores de seus tradicionais PC’s.

O avanço da tecnologia versus o comportamento do consumidor online

Nessa discussão, entra em cena a dúvida sobre a melhor forma de apresentação do conteúdo para a otimização dessa experiência digital por meio dos dispositivos. O mais relevante, obviamente, é conseguir agradar os consumidores e fazer com que eles permaneçam o maior tempo possível conectados a um endereço de varejo online.
Entretanto, há sempre a dúvida sobre como balancear investimento e desenvolvimento, diante das opções de:

1) criação de um aplicativo nativo (o app);

ou 2) o ajuste do conteúdo do website já existente de acordo com as orientações de padrões de design responsivo ou adaptável – no qual a diferença se encontra na lógica que será aplicada para a apresentação da informação. 

Atualmente, acredita-se que os apps somam uma série de vantagens ao e-commerce. Os usuários desses aplicativos, muitas vezes, são os mais fieis clientes da marca, encorajados a utilizar repetidamente a ferramenta, diante de vantagens como a possibilidade de salvar itens favoritos, agilizar as formas de pagamento ou receber informações sobre ofertas especiais.
O fato de ter o ícone de uma loja presente na tela dos smartphones de seus clientes, por si só, já é uma forma de garantir presença no radar desses usuários. Entretanto, a pesquisa global Total Retail Survey 2016, realizada pela consultoria PwC revela que 60% dos e-consumidores temem a segurança cibernética de seus dados e não apreciam a ideia de ter informações bancárias armazenadas num aplicativo conectado a um dispositivo móvel.
Diante dessa realidade, volta à tona a discussão sobre a importância de oferecer um ambiente para mobile que seja tão eficiente quanto o desenvolvido para desktops, dando ao consumidor também a opção de acesso a essa versão, sem a obrigatoriedade de baixar um aplicativo, mas com a mesma garantia de uma transação segura e eficiente.
Não é de hoje que a Google mostra seu apreço por sites capazes de prover exatamente uma proveitosa experiência ao usuário, independentemente do recurso que ele tenha escolhido para navegar na web. Ainda em 2012, a pesquisa What Users Want Most From Mobile Sites Today, promovida pela própria Google mostrou, por exemplo, que 79% dos usuários de smartphones abandonariam o site em que estivessem navegando, caso ele não fosse claramente adaptável para seus celulares.
Desde então, a companhia não deixa de influenciar e alertar aos e-commerces ao redor do mundo sobre como uma boa experiência pode transformar um mero visitante em um cliente leal. Para se ter uma ideia, em seu último release relacionado ao tema, anunciado em janeiro deste ano, a Google fala sobre inovações na ferramenta Mobile Friendly Test, que testa a usabilidade dos websites e aponta as possíveis melhorias que podem ser realizadas, também disponível em versão API para monitoramento preciso de URL específicas.
Portanto, toda a avalanche de informações sobre novas tecnologias voltadas ao varejo online reforça a importância da constante atualização pela qual os e-commerces devem sempre atravessar com o intuito de fidelizar seus clientes, atrair novos consumidores e assegurar que as aquisições sejam realizadas com êxito.
Ao lado de uma estratégia de marketing muito bem estruturada, a tecnologia chega para atender as reais necessidades dos consumidores, que estão hoje num patamar diferenciado de exigência, em uma realidade na qual não há mais tempo para se perder.

Author

Jaqueline Beserra é gerente de Marketing Online da vitrine virtual UmSóLugar, focada em moda, beleza e estilo de vida.

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