Segundo a Ebit, até março de 2018, 22,4 milhões de brasileiros fizeram compras em sites internacionais e gastaram, em média, US$ 36,8 (cerca de R$ 117,8). Praticamente 41% dos consumidores virtuais compraram em sites do exterior. Aliexpress lidera como site preferido dos brasileiros. 41% afirmaram não ter pago frete na última compra e 56% disseram não ter pago imposto.
A gigante chinesa lidera o modelo de operação de e-commerce cross-border no mundo. O sucesso valida a possibilidade e espaço para novos sites no mercado, principalmente quando falamos em nichos com muita competição aqui no Brasil e potencial inexplorado em outros lugares. Se nossos consumidores compram de fora, não poderiam ter oportunidades para vendermos para fora do país produtos que não são encontrados lá?
Se você está considerando entrar neste mercado, vender online para outros países não é tão simples assim. Alguns cuidados precisam ser tomados e muita atenção para cada país e suas particularidades. Abaixo, listamos dicas importantes para uma operação de e-commerce cross-border. A referência é do site Practical Ecommerce, link do conteúdo original no final do post.
Pesquisa de mercado
Fundamental entender quais mercados (levando em consideração países, estados e cidades) são mais adequados para seus produtos. Isso inclui saber exatamente qual o comportamento de consumo das pessoas no local do seu objetivo.
Esse comportamento do consumidor pode variar muito mais do que imagina. Outro ponto pode ser um local em que a maioria da população não utiliza e-commerce, uma opção assim deve ser descartada de início.
Competição local
Você identificou que o mercado é promissor? Entenda quem são exatamente seus concorrentes locais. Esse benchmarking vai te ajudar a posicionar sua marca e encontrar o diferencial dos seus produtos.
Essa é a hora de identificar erros e pontos a melhorar para colocar seu e-commerce à frente da concorrência. Além disso, pode te ajudar a mapear possíveis parceiros locais, que podem, por exemplo, ajudar no serviço de devoluções.
Como avaliar a competitividade da sua loja virtual? Teia Competitiva – Parte I
Preços
Para completar sua pesquisa de mercado é preciso investigar quais são os preços praticados em cada local para produtos similares. Por mais que não seja o mesmo, é preciso entender “ordem de grandeza” para não correr o risco de não vender mesmo com demanda.
Outra possibilidade aqui é que você invalide suas hipóteses de atuação em determinados países. É preciso entender se é viável praticar um preço competitivo mesmo com variações de câmbio, por exemplo.
Entrega
Alguns países não permitem entregas direto no endereço dos clientes. Pode ser preciso enviar para um escritório na alfândega ou uma agência de correio que será utilizado como local de retirada. É preciso entender direitinho as regras específicas de cada país.
Muitas vezes, para o transporte internacional é exigido a transferência do pacote para um entregador local. Alguns, por exemplo, sem rastreamento de entrega, deixando cliente e e-commerce sem saber status do pedido. Pior, nem mesmo comprovação desta entrega em alguns casos. Parceiros de confiança para sanar estas limitações são necessários.
Prazos
Outro grande desafio. A complexidade de cada local, parceiro e regras diferentes podem minar a satisfação dos seus compradores. Uma estratégia válida pode ser dar um prazo maior do que a média para evitar problemas. Afinal, se estiver “combinado” desde o início um prazo longo não há o que reclamar, certo? Previna-se.
Embalagem
Você vai enviar um produto internacionalmente, pode ser que vá de navio ou avião, e sua embalagem pode exigir cuidados diferenciados. Afinal, o produto deve permanecer em trânsito por mais tempo. Produtos perecíveis, frágeis, de valor maior, tudo deve ser considerado. Se o produto chega danificado, o custo pode ser alto. O clima da região também é importante levar em consideração.
Seguro
É possível que até mesmo o local de entrega exija um seguro contratado. Mesmo que não, para o transporte internacional há um risco muito maior de danos ou até mesmo produtos perdidos. Prevenir-se com um seguro para estes valores pode ser a melhor maneira de evitar dores de cabeça.
Tributação
As leis tributárias vão variar bastante de acordo com cada país. Você pode encontrar alguns fornecedores digitais que automatizam essa cobrança de impostos pra você. A dificuldade aqui pode ser bem grande e o recomendado é que não seja você que tente administrar tributação internacional. O próprio Practical Ecommerce fornece uma lista de empresas que podem fornecer este serviço de tributação.
Logística reversa
As devoluções de produtos aqui são mais um grande desafio. É fundamental ter as regras definidas em seu site de como vai funcionar o jogo. Quem pagará a postagem internacional, por exemplo. Além disso, o tempo de viagem do produto é maior, é preciso pensar nisso para estipular prazos para devolução por insatisfação dos clientes e para resolução da de toda a troca.
Conclusão
O desafio é grande, as dificuldades são inúmeras e até mesmo inesperadas. Este tipo de modelo de negócio precisa mostrar-se muito vantajoso para sua empresa para fornecer este tipo de serviço. Até mesmo por isso, é muito mais fácil encontrar apenas gigantes do mercado atuando com este modelo. Exige estrutura e muito, muito planejamento.
É sempre bom lembrar que todo o conteúdo, descrição de produtos, posicionamento de marca e comunicação precisam estar na língua do país em que será a atuação. Essas particularidades de comunicação podem pregar mais peças do que você espera também. Uma tradução literal, por exemplo, pode te colocar em problemas. Pense nisso também!
É mesmo este o negócio que você pretende abrir? É sempre fundamental entender o tamanho da “briga” que estamos entrando. 🙂
Texto traduzido e adaptado do original “10 Tips for Successful Cross-border Ecommerce” de Gagan Mehra para o Practical Ecommerce.