A greve dos caminhoneiros, que começou nesta segunda-feira (21), trouxe prejuízos para os lojistas de e-commerce. A redação do E-Commerce Brasil entrou em contato com varejistas para entender o impacto da paralisação e descobriu que, em alguns casos, o prejuízo no faturamento diário chega a 49%.
Segundo um levantamento da ROI Rocket, o volume de buscas nos 10 principais sites de e-commerce atendidos pela agência caiu em média 14,74% – a ROI Rocket atende lojas virtuais de segmentos diversos como moda, móveis, decoração, suplementos alimentares, artigos para casa e lazer, acessórios para carro e moto.
De acordo com o diretor da agência, Cristiano Pohren, os dados são baseados em campanhas de performance como Google Adwords. “O faturamento caiu em média 49,51%, e a taxa de conversão sofreu queda de 23,36%, sendo esta última a que mais afetou nossos clientes”, disse.
Para ele, o resultado negativo ocorre pela queda nos acessos nas lojas virtuais e pelo menor ticket médio, já que os usuários que entram estão comprando menos.
A incerteza nas entregas – os Correios suspenderam postagens do Sedex 10, 12 e Hoje – também está gerando impacto negativo nas vendas da Fiero Shop, loja especializada em moda e acessórios para inverno. Rodrigo Fitz, diretor de e-commerce da marca, relata que sentiu uma diminuição considerável na taxa de conversão, ao mesmo tempo que aumentou o volume de atendimento no SAC.
“O real impacto deste problema, na nossa opinião, deve acontecer entre 30 e 60 dias contando a partir do começo da greve, visto que muitas mercadorias já estavam em processo de entrega, a amplitude do problema ganhará outras proporções e a consequência é, de fato, extremamente prejudicial para a saúde do negócio”, lamentou.
No caso dos novos pedidos feitos no site, ele relata que não conseguiu enviá-los aos clientes – quando puder, com certeza chegarão atrasados.
Fitz relata que adotou uma estratégia clara de comunicação para informar com detalhes todos os consumidores sobre os problemas de entrega e como medida emergencial, aumentou em seis dias úteis o prazo médio de entrega, além de ter diminuído os investimentos em mídia – que devem ser retomados com mais força quando a situação for normalizada.
Já Everaldo Ribeiro, CEO e founder da Montar Loja localizada em Betim (MG), descreve que seus clientes estão impacientes pela demora no envio dos pedidos e disse ainda que 90% de suas notas fiscais estão paradas, sem coleta.
“Ontem, coletamos apenas seis pedidos, e isso representa apenas 20% do nosso volume normal diário”, afirmou. De acordo com ele, nesta quarta-feira (24) apenas uma transportadora passou na loja para fazer a coleta e que já está sem espaço para armazenar produtos que esperam pelas novas coletas.
“Somente os Correios coletaram normalmente, mas acho que é por ser franquia. Vendas no site e Mercado Livre estão em queda, em média 60% a menos neste momento”, disse. “Um fornecedor local foi bloqueado a 15km da loja e não conseguiu nos entregar um pedido que estava previsto para hoje”, continuou.
Ricardo Santanna, gerente vendas da Geral Parts, distribuidora e atacadista online de motores automotivos com 70 mil clientes em todo o Brasil, está antecipando os horários de coleta a fim de as transportadoras consigam realocar as entregas. Ele relata que seu principal problema de escoamento é no Estado de Minas Gerais, onde 50% dos pedidos estão sofrendo com uma média atrasos de três a quatro dias, devido a serem regiões distantes dos pontos de tracking das transportadoras.
“Estamos cedendo alguns descontos para entrega via transporte aéreo”, explicou. Além de Minas Gerais, a empresa possui filiais em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Fortaleza e segundo Ricardo, a empresa já calcula uma queda de 35% no faturamento diário. Ele também começou a notificar os atrasos aos clientes por e-mail e que deve emitir um comunicado no site e nas redes sociais sobre os atrasos. Ele atribui a queda do faturamento à insegurança gerada para o cliente que quer comprar.
Frota própria
Anderson Carlos Diniz Silva, fundador da loja física e do e-commerce Orthovida Colchões, localizada em Curvelo (MG), teve um dos caminhões de sua frota própria barrado há dois dias no trevo de Arcos (MG).
Dentro do caminhão, que seguia para o sul de Minas, estão 114 colchões para berço. O motorista está dormindo no caminhão e se deslocando até a cidade mais próxima para comer. “Está complicado, bastante reclamações”, relatou.
Anderson pretende colocar um banner em seu site e está comunicando todos os clientes sobre a possibilidade eminente de atraso. “As vendas de colchões maiores basicamente zeraram via e-commerce.
Mesmo com a possibilidade de fechar maio com um faturamento de 10 a 15% menor que o normal, Anderson considera a greve legítima. “Apesar de todos os problemas causados, esta greve tornou-se necessária, em um momento em que toda a população, está de braços atados frente ao caos que se tornou nossa economia, e que esperamos que ela acabe com um resultado satisfatório para todo o país”, disse.
Publicado por Alice Wakai para E-Commerce Brasil.