Por Mauricio de Souza Tavares. Quando uma empresa inicia suas atividades, normalmente cria uma marca para identificá-la ou para identificar o seu produto ou serviço junto ao seu público consumidor. Esta marca será importante para que o consumidor faça uma ligação direta entre o produto ou o serviço ofertado e a própria empresa, para que seja estabelecido um elo de fidelidade entre os dois lados.
Dentro deste pensamento, seria lógico que esta empresa que inicia suas atividades tomasse um certo cuidado para evitar problemas no futuro, ou seja, que ela fizesse uma verificação da marca pretendida, se existe alguma empresa já utilizando-a, ou se ele corre algum risco em relação a este assunto no futuro.
Entretanto, a grande maioria das empresas que iniciam suas atividades deixa para depois este tipo de cuidado. Isso, quando ela resolve tomar alguma atitude em relação à sua marca e a proteção da mesma.
Segundo a Serasa Experian, em 2013, foram abertas 1.840.187 empresas no Brasil. Entretanto, segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), tivemos 163.587 marcas depositadas naquele órgão. Se pensarmos que, historicamente, 20% destes pedidos de marca são depositados por empresas estrangeiras, chegaremos a um número próximo de 131.000 marcas depositadas por empresas brasileiras por ano.
A disparidade entre a quantidade de marcas depositadas e a quantidade de empresas abertas é uma monstruosidade. Se, ainda formos pensar que uma boa parte destas marcas depositadas por empresas brasileiras foram depositadas por empresas já existentes e não empresas recém criadas, a disparidade aumenta ainda mais.
Uma decisão que não deve ser adiada
Nos contatos que tenho com empresas iniciantes, startups, empresas individuais, ou qualquer outro tipo de empreendedor, a resposta é quase sempre padrão. A desculpa para tal atitude (ou falta dela) é quase sempre que, neste momento, isso demandaria um investimento que ele não possui, mas que, futuramente, ele tomará os procedimentos necessários.
É bem verdade, que a empresa que inicia tem vários tipos de gastos, tais como contadores para abertura de empresa, profissionais até mesmo para a criação do nome ou da logo, investimento em estoque, na reforma de um ponto, na compra de equipamentos, compra de móveis, entre outros.
Entretanto, na verdade, tudo indica que não é uma questão financeira, mas, sim, de cultura, e mais, de cultura de desinformação.
E, sendo viável de utilização, o empreendedor poderá fazer uso dela e protegê-la, tornando-se exclusivo no mercado, o que sempre facilita a fidelidade do consumidor. A proteção da marca, por sua vez, também não envolve valores extremamente altos.
A taxa governamental envolvida para isso gira em torno de R$ 142 para microempresas. O custo de um profissional especializado também irá variar muito (como no caso da busca), mas, em média, ficará em torno de R$ 1.000 ou até menos. Tudo dependerá do profissional escolhido. Como exemplo deste raciocínio, é fácil demonstrar que esta análise inicial não é tão cara como se imagina.
Uma análise de viabilidade de uso de uma marca (o que chamamos de busca de marca no mercado) custa de R$ 100 a R$ 1.000, dependendo do profissional ou escritório especializado envolvido (lembrando que o mais caro nem sempre tem uma qualidade melhor), mas, em média, podemos dizer que fica mais próximo da parte de baixo do que da parte de cima.
Este investimento não é alto, se pensarmos que esta busca e o depósito da marca darão uma tranquilidade ao empreendedor para que ele invista em sua marca e na conquista do seu consumidor potencial. Muitas vezes, nestas conversas com empreendedores, questiono quanto se gasta com a criação de um letreiro que identifique sua loja, ou uma embalagem para acondicionar o seu produto.
Evitando problemas futuros
Muitas vezes, comparo o registro de uma marca, com o seguro de um carro. Provavelmente, o seguro de um carro custa bem mais caro do que a proteção da sua marca, ainda mais se pensarmos que o seu carro só perde valor, enquanto que sua marca tende a criar cada vez mais valor.
Sendo assim, fica claro para o empreendedor que, na verdade, o momento de proteger uma marca é exatamente no início de tudo. Posteriormente, existe o risco (até grande) de ter que mudar a sua marca, e avisar os seus consumidores da mudança, o que, na minha opinião, geraria um custo muito maior, fora a perda de receita pela confusão e o desconhecimento da nova marca em questão.
Portanto, fica aqui a dica. Antes de abrir o seu negócio, tome também cuidado com a sua marca. Assim, você evita problemas e trabalha tranquilo.
Mauricio de Souza Tavares da Lext Intellectual Property