O próximo 27 de novembro promete ser como nenhum outro. Data já bem conhecida pelos brasileiros por conta das inúmeras promoções do varejo nacional que antecedem o período de compras do Natal, a Black Friday 2020 deverá ter contornos diferentes dos anteriores. Isso porque o cenário atual é de pandemia e de uma lenta retomada da economia.
De acordo com a TransUnion, o comércio online no Brasil deu um salto de quase 40% nas buscas de informações para confirmação cadastral no período de janeiro a agosto de 2020.
Em julho, o mês mais movimentado para o e-commerce até agora, o crescimento chegou a 150% sobre julho do ano passado. Os dados fazem parte de um levantamento da companhia e mostram o impacto da pandemia no comportamento do consumidor no país.
Em contrapartida, no mesmo período, a busca de dados por empresas do setor de viagens, por exemplo, caiu em ¼ (menos 25%), sendo um dos segmentos mais afetados pela crise.
Se o aumento de 150% nas consultas verificado em julho de 2020 sobre julho de 2019 se mantiver, teremos o maior fim de ano do e-commerce de todos os tempos, pelo menos em número de transações.
Parte do crescimento das transações até agosto desse ano pode ser explicado pela migração de compras de itens básicos e de supermercado para o comércio eletrônico, mas que podem retornar ao meio físico à medida em que as lojas estão sendo reabertas pelo país.
Porém, existe uma tendência do consumidor que comprou online pela primeira vez nos últimos meses, mesmo que reticente a princípio, continuar comprando nas lojas em que teve uma boa jornada de compra, sentindo-se bem atendido e satisfeito. Especialmente na Black Friday, quando os descontos devem ser um grande chamariz.
A Black Friday trará uma janela de oportunidade para os varejistas recuperarem ou consolidarem os resultados de suas operações em um ano cheio de desafios.
Para isso, devem estar preparados para lidar com o novo formato de negócios digitais e com dois perfis de consumidores: aqueles em fase de aprendizado e adaptação ao e-commerce e os já acostumados a este “novo” mundo, muitas vezes com um grau de exigência superior em termos de atendimento e qualidade de produtos.
Outros fatores que devem ser levados em consideração são os desafios logísticos, de riscos de perdas com fraudes ou com processos operacionais não estruturados.
No que diz respeito ao comércio digital, estimamos que metade das buscas dos varejistas por dados de consumidores para validação cadastral de novos compradores passa pelas suas soluções.
Estímulo financeiro do governo deve ter pouca influência na Black Friday
É relevante a avaliação da companhia de que o movimento recorde online esperado para a Black Friday de 2020 tem pouco a ver com o estímulo gerado pelo governo.
Dentre os mais de 65 milhões de brasileiros que receberam o Auxílio Emergencial nos últimos meses, a TransUnion encontrou 36% sem nenhum indicador de atividade econômica formal prévia à pandemia. O mesmo ocorre com os quase 20% que também estão cadastrados no Bolsa Família e que também receberam o Auxílio.
Essa parcela de consumidores deve continuar usando o valor do voucher para atender a necessidades básicas e despesas correntes, sobrando pouco para aumentar as despesas de consumo na Black Friday.
Adicionalmente, mais de 8% das pessoas que estavam registradas como trabalhadores na iniciativa privada antes da pandemia receberam o Auxílio Emergencial, o que pode indicar que perderam seus empregos e precisam do Auxílio para manter suas contas em dia, em vez de comprar produtos de consumo na Black Friday, pelo menos enquanto não voltarem ao mercado formal de trabalho.
Por fim, os demais públicos que receberam o Auxílio Emergencial e que são, na sua maioria, microempreendedores, autônomos e informais, provavelmente também tiveram suas fontes de renda reduzidas em 2020 e devem buscar compensar as perdas com o uso dessa verba extra para fazer frente às despesas diárias.
Números que falam por si
As compras on-line na Black Friday deste ano poderão ultrapassar os R$3,2 bilhões estimados pela Ebit/Nielsen em 2019, se não houver queda significativa do gasto médio do consumidor que foi de R$602.
Ainda, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), desde o início da pandemia, mais de 135 mil lojas aderiram às vendas pelo comércio eletrônico para continuar vendendo e mantendo-se no mercado, aumentando o leque de ofertas ao consumidor. A média mensal antes da pandemia era de dez mil lojas.
A instituição diz que os setores mais aquecidos na abertura de estabelecimentos virtuais são os de moda, alimentos e serviços. Segundo dados do índice MCC-ENET – desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), as vendas do setor mais que dobraram em junho de 2020.
Em comparação ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 110,52%, o que corrobora com a previsão de uma Black Friday com provável edição recorde em 2020.
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Excelente conteúdo!