Em uma aula de marketing na faculdade, meu professor foi categórico ao afirmar que “A internet é o canal que menos agrega valor ao varejo”, inclusive nos apresentando o gráfico abaixo que foi extraída de um livro do Kotler:
Por trabalhar com e-commerce fiquei consternado, mas uma das explicações dadas foi que o e-commerce no Brasil está em fase de amadurecimento gerando ainda muita insegurança aos consumidores em comprar online e muitas empresas ainda não investem ou investem pouco na publicidade/vendas online por receio de não obter retorno financeiro.
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Decidi pesquisar mais sobre a procedência da informação, afinal de contas já vi grandes cooperações optarem por fechar suas lojas online, como é o exemplo das Pernambucanas e mais recentemente do Carrefour e cheguei a algumas conclusões.
Se analisarmos somente os números o professor, está completamente errado, pois segundo a consultoria Deloitte o comércio online já é responsável por uma parcela significativa do faturamento em vendas das empresas, como podemos ver no gráfico abaixo:
E o meio de comunicação mais eficiente para a promoção em vendas % :
Segundo a Ebit aqui no Brasil temos, ao ano, em média 20% crescimento nas vendas online, mas apesar desta incrível participação e potencialidade temos que analisar outros critérios.
Como, por exemplo, o perfil sócio/cultural do brasileiro, pois quando esta análise é vista mais a fundo percebemos que ainda existe um número muito expressivo de pessoas que comparam preço/produto online, mas fazem o fechamento da compra offline, o chamado ROPO (Research online /Purchase offline) .
Segundo dados da 27ª edição do Relatório Webshoppers, em 2012 este número estava na proporção de 1,3 , ou seja , para cada real comprado no e-commerce B2C havia 1,3 reais gasto no varejo físico, o que gera R$29,3 bilhões comprados no varejo físico com origem em pesquisas na internet. Ainda no relatório, verifica-se uma taxa de 75% de Carrinhos abandonados.
Estas informações podem se aproximar do motivo do consumidor no Brasil ainda ter muita desconfiança para as compras online ,”justificando” assim aquilo que o professor me passou em aula.
Porém, de nenhuma forma podemos olhar este cenário de forma negativa, estamos em transição, e é obvio que o e-commerce no Brasil ainda não chegou a nível de participação em vendas no varejo como há no EUA , e ainda não vemos e-commerce como a Kate Spade Satuday, que se destaca pelo uso do omnichannel e criatividade, a loja espalhou vitrines pela cidade de NY onde o consumidor compra clicando em uma tela sensível ao toque. Em até uma hora a loja entrega o pedido e permite o pagamento no ato do recebimento da mercadoria.
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Também sabemos que no Brasil existem muitas barreiras para se chegar a este cenário, como problemas de infraestrutura, impostos e custos com logística, mas mesmo assim conseguimos nos adaptar, usando parceiras e muita criatividade. É importante ressaltar ainda o uso do mobile cada vez maior em um país com quase 200 milhões de pessoas (IBGE). Desses 200 milhões, 105 estão online segundo a Navegg, e “somente” 50 milhões hoje compram online (distribuídos em light e heavy users).
Conforme vimos nos dados da Deloitte, o e-commerce tem um nível altíssimo de participação em promoção e geração de vendas no varejo, então podemos apostar que o futuro é muito otimista e que este será consolidado, o que justifica a minha impressão inicial sobre e-commerce: Faça ou morra.