Há apenas 15 anos a Lego estava à beira da falência. A empresa começava a enfrentar a cruel concorrência da tecnologia com os jogos de internet e vídeos. Diante deste cenário a empresa precisava se reinventar e algumas coisas precisavam mudar.
Apenas quando o dinamarquês Jørgen Vig Knudstorp foi promovido à CEO da Lego Group, apenas três anos depois de ingressar à casa, que estas mudanças começaram a se tornar possíveis.
O viking do nome esquisito liderou então 3 grandes mudanças pontuais que fizeram de uma empresa assolada pela crise, a mais poderosa empresa de brinquedos do mundo. A Apple dos Brinquedos.
Objetivamente, vamos entender estas mudanças?
1- Planejamento financeiro
A falta de planejamento cedo ou tarde sempre vai trazer a conta. E normalmente ela não vem pequena.
Empreendimentos mal sucedidos como um desenho animado matutino (Lego Galidor de 2002) com uma linha de brinquedos que descaracterizava o “Mundo Lego”, outra nova linha de brinquedos que foi considerada “machista” (Lego Jack Stone de 2001), parques temáticos Legoland espalhados pelo mundo sem muito know how do negócio e até mesmos produtos considerados bem sucedidos como o Lego Star Wars e Lego Harry Potter traziam altos e baixos.
O retorno nada satisfatório sobre cada investimento pesava ao fim de cada mês. E a Lego nunca vai esquecer do Natal de 2002, considerado terrível.
Foi então que a empresa iniciou uma revisão destes custos e finalizou os empreendimentos que não traziam resultados esperados. Para a Legoland, contratou especialistas em hotelaria que com conhecimento do negócio, impulsionaram o faturamento. Mas era preciso mais do que isso. Era preciso se reinventar…
2- Pesquisa e desenvolvimento
A Lego baseou sua virada em Pesquisa. Nada de suposições ou cópias. Através do “Lab Future” com seus pesquisadores, a empresa encontrou uma importante diferença entre pais americanos e europeus.
“Pais americanos não gostam de participar muito e ajudar os filhos à brincar. Eles querem que os filhos sejam capazes de brincar sozinhos”. Enquanto os europeus são “Hands-on“: “Os pais europeus não veem problemas em sentar no chão e passar tempo brincando com seus filhos”. Contou Anne Flemmert-Jensen, líder do Future Lab à Fast Company.
Consegue imaginar a diferença que isso significa no planejamento de um novo produto para cada uma destas praças? Esta descoberta está diretamente ligada à como o consumidor vai utilizar seu produto, e caso isto não atenda ao perfil dele, simplesmente não vai comprar.
“Há uma famosa citação que diz: Se você quer entender como os animais vivem, você não deveria ir ao Zoológico, você deveria ir para a Selva”, diz Knudstorp. “O Lab Future é algo pioneiro dentro da Lego, e não é um exercício teórico. Tem sido uma abordagem de Design Thinking real para a inovação, que só nos faz aprender.”
Mas não poderia parar por aí. Depois de entender como deveria ser o “produto” era preciso se posicionar. Mostrar que você tem o que seu público procura.
3- Posicionamento da imagem da marca
A Lego alterou o foco da sua abordagem principal de Marketing. Os brinquedos precisavam ser entendidos como uma ferramenta educacional. E a estratégia de reposicionamento de marketing da marca funcionou.
Hoje os pais antes de comprar um brinquedo se preocupam com o desenvolvimento de seus filhos. Ter em em mente que a empresa também tem esta preocupação vai de encontro com as vendas. A Lego mais uma vez entendeu o que motiva seu público para se reinventar.
“Consideramos a Lego como um exemplo de uma empresa atraente para valores desta geração de pais. Para o desenvolvimento da criança e brincadeiras criativas”, declarou a Goldman Sachs ao Business Insider.
Com a casa arrumada a empresa não parou mais de acertar. A marca dinamarquesa é número 1 do mundo com folga da categoria Brinquedos em 2018 segundo a Brand Finance, com um valor de marca quase 5 vezes maior que da americana Fisher-Price, segunda colocada.
Graças à força de licenciamento de produtos de grandes temas como do Star Wars, a Lego hoje investe, além dos brinquedos, em vídeo-games, no cinema e experiências nos parques temáticos. E com a boa gestão de Knudstorp, nunca mais desrespeitou sua identidade original.
Texto baseado na publicação da Business Insider, da Ashley Lutz.